domingo, 12 de agosto de 2012

Qual é a nossa cara?

    Acabaram as Olimpíadas de Londres, e o que se pode dizer desse evento? Londres não teve só jogos olímpicos, a olimpíada que realizou ultrapassou completamente o quesito esporte e atingiu o quesito show.  Quem viu a abertura e o encerramento dos jogos sabe exatamente do que estou falando. Agora fica a missão para o comitê brasileiro, dá pra fazer melhor?
    Londres foi além do esperado em uma olimpíada, teve estádios de tirar o fôlego, Wembley, por exemplo; teve finais eletrizantes, Brasil e Rússia no vôlei; e acima de tudo, teve abertura e encerramento que não pouparam gigantes. Inglaterra tem estrutura para desenvolver um evento do porte das olimpíadas, isso não é novidade pra ninguém. A nação inglesa tem cultura musical e literária que ultrapassa gerações, também não é novidade. Mas agora, unir tudo isso em uma abertura que foi de Paul McCartney até Harry Potter, isso sim é novidade. A cidade sede era Londres, mas a abertura e o encerramento englobaram a historia inglesa. Fomos de Mr. Bean até o holograma de John Lennon, passando a junção improvável de Brian May  e Jessie J., a rainha pulando de helicóptero com James Bond, o holograma de Freedie Mercury e fechando com o The Who. E como disse a repórter da Record... a missão brasileira agora é fazer melhor. Será que dá?
    Londres usou sua cultura para fazer um espetáculo único, e o Brasil? O que tem para apresentar? A cidade sede é o Rio, mas a historia a ser contada deveria ser a do país. Qual a cultura brasileira que temos para abrir as olimpíadas? Samba? Calçada de Ipanema? Então agora o Brasil se resume a garis sambando e garotas seminuas?  Deixamos toda a cultura que fez diferença se apagar aos poucos, o samba é sim parte importante da cultura brasileira, mas não é a única parte. Muitos de nos crescem sem tomar conhecimento de movimentos como a tropicália, crescem sem saber que os brasileiros do passado fizeram uma passeata a favor da guitarra elétrica.  Nossa cultura vai além de bundas e batuques.
     Não podemos caracterizar e dizer que o samba é a música do país. A bossa nova, tropicália e muitos outros ritmos estão por ai, e fazem mais fãs a cada dia. O Brasil não tem UMA música que o defina, o Brasil tem AS músicas que o definem. Aonde eu quero chegar é que somos todos focados a um tipo de cultura que entendemos como sendo a brasileira, mas somos diferentes dos ingleses, o Brasil é um país eclético, não tem uma cultura que o defina. Cada parte do Brasil tem a sua música, a sua literatura e o seu jeito de ser.  O Brasil é tachado de país do samba, futebol e praia. Pergunte aos moradores de Olinda se eles preferem sambar ou dançar frevo. Pergunte as meninas da seleção de vôlei se elas moram no país do futebol. Pergunte aos curitibanos se eles vão muito à praia.
      Eu tenho uma pequena ideia do que será o nosso espetáculo de abertura das olimpíadas. Imagine um palco completamente escuro. De repente, bem no centro, uma luz se acende, todos os olhos se voltam para essa direção, e lá no meio, cercada de crianças esta a Xuxa... Ela recita algum poema de algum nome da literatura brasileira. Depois uma música começa e as crianças saem correndo numa alegria sem fim, fazendo algum tipo de coreografia. Um tempo depois, a Xuxa sai e alguns dos grandes repórteres da TV Globo aparecem e falam um pouco sobre o evento, sobre como é importante a integração entre o países, e como ninguém vai ser assaltado durante a sua estadia aqui. Um pouco mais a frente, Roberto Carlos vai cantar seus sucessos de 40 anos atrás, Ivete Sangalo vai cantar também (já que ela foi para o Rock in Rio, olimpíadas não é um grande passo não é?). Aposto que sobre até um espacinho pra Regina Casé falar de como o povão do Brasil é maravilhoso. Pelé vai aparecer por lá também, Michel Teló, Claudia Leite... E é claro, o ponto alto da noite, uma homenagem as escolas de samba do Brasil com direito a desfile e cantoria de meia hora. Se Jota Quest e Capital inicial forem chamados eu já considero demais. Sem esquecer toda a tecnologia que se espera que o Brasil use não é? Vão trazer um holograma de quem? Será que se lembram de Renato Russo?Cazuza?  Vão atirar o Didi de um canhão igual Londres fez com aquele comediante?
   Sinceramente, eu já estou preparada para ver as mesmas caras que eu vejo na TV Globo todos os dias para se apresentar na abertura das nossas olimpíadas. Já aceitei o fato de ver as mesmas atrações musicas que passam no Criança Esperança. Já é de se esperar que nomes grandes do Brasil sejam jogados de lado, como Rita Lee, por exemplo. O que nos resta é esperar o “espetáculo” do Brasil, vamos esperar pra ver o que é a nossa cultura, ou melhor, o que a mídia considera ser a nossa cultura. Vamos apenas torcer para que não façamos papel de bobos na frente do mundo inteiro. Para que não pareçamos um bando de sambistas seminus que mal conhecem sua própria historia. Mas acho que antes de esperar uma boa abertura, temos que primeiro ter um lugar para realiza-la, e antes mesmo disso, temos que dar valor a nossos atletas antes de querer algum ouro deles. Se fosse possível responder a pergunta de Cazuza e dar uma cara ao Brasil, eu diria que é o tipo de país que só tenta correr atrás do prejuízo depois que a bola de neve já cresceu demais.

-Carol Canelas 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Verdades Absolutas

imagem por Michael Berry


     Suas opiniões, suas ideias, você. É o que te define, é o que te faz ser humano pensante. Análises, debates, trocas de argumentos. A síntese de tudo isso, é você. Mas pra continuar sendo você por inteiro, outros seres humanos, pensantes ou não, precisam aprender que a Verdade, é um conceito relativo. E que certo e errado são ditados pela nossa Sociedade, pela nossa cultura. E culturas existem aos montes. Todas diferentes, com valores e crenças que não são iguais às outras.
     E por acaso, essas culturas, que diferem da sua, estão erradas? Se você acha que sim, me diga, por que elas estão erradas? E se elas estão, o que faz da sua, ser certa? Com tantas religiões espalhadas por aí, afirmando que a salvação só é obtida atraves delas, que são as únicas corretas, você já parou para pensar no que é a verdade? No que é possível? No que leva cada pessoa a crer em algo? Se há tanta gente vivendo sob circustâncias diferentes, sob verdades diferentes, não é normal pensar que toda verdade é relativa? Seja na religião, na criação dos filhos, no modo de agir perante os outros. Mas se toda verdade é relativa, o que determina o que somos e o que fazemos de certo e errado?
     O ser humano precisa de valores. Precisa crêr em algo, que o faça agir da forma que haja. Precisa determinar o certo, precisa limitar suas ações de acordo com o que acredita. O problema todo começa quando essa crença se torna, na mente de seus adeptos, forte demais, superior demais. E começa a ser tratada como a verdade absoluta que nos traz tantos problemas. Quando alguém acha que está plenamente certo, e que todos os outros estão errados, esse alguém irá tentar convencer todos de que eles estão vivendo no erro, de que não devem seguir isso, não devem acreditar no que acreditam, de que não podem ser assim porque não é bom, de acordo com essa "verdade". E então, a tão amada liberdade, de pensar, de se expressar, de Ser, fica ali, oprimida, presa à conceitos relativos.
     Parar para refletir não mata. Analisar o mundo e seus componentes, respeitar opiniões alheias, não faz mal a ninguém. Se você tem sua forma de encarar a vida, sua maneira de pensar, é sua obrigação perceber que o que você acredita não é válido pra todos. Que há casos e casos, que cada um vive de acordo com o que adquiriu ao longo dos anos, com o que foi aprendido a partir de observações, de vivências e também de tradições.
     O respeito é necessário para que a paz entre seres humanos exista. A reflexão é necessária para que haja um conflito dentro de si mesmo, trazendo, desse conflito, novas formas de pensar, novas ideias, novas percepções. Nossa história é vasta, nossa filosofia, ampla, nossa forma de viver, questionável. E verdades absolutas não existem. O que existe, é a verdade de cada um. Que deve ser tratada com o respeito que merece, mesmo que seja completamente diferente da sua.


                                                                                         Ana Karolina Novaes

 
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